É LULA DE NOVO
Com a força da publicidade, candidatos são eleitos tal qual um achocolatado na prateleira
por Fábio Congiu
Não é arriscado apostar na vitória de Dilma Rousseff no dia 31 de outubro. É claro que o jogo pode virar, mas é inegável a dificuldade. Dizer que Lula manda e desmanda no país é exagero, teoria da conspiração (onde está a CPMF agora, conspiradores?); entretanto, o poder que ele alcançou à custa de imagens/publicidades é no mínimo intrigante. Afinal, seu apadrinhamento elevou em pouco menos de um ano sua candidata do “anonimato” à provável primeira presidente do Brasil.
Quem é Dilma Rousseff? Para alguns veículos da imprensa, uma terrorista; para outros, a candidata mais preparada. Para grande parte da população, uma aproveitadora; para outra grande parte, a mulher do Lula. Ao longo dessas eleições de 2010, muito se discutiu a respeito da ex-ministra-chefe da Casa Civil; todavia, pouco foi concluído. Concluiu-se apenas o fenômeno do popululismo, mistura moderna (cujos pés estão no passado) de marketing e carisma que tem o poder como alvo.
Pouco valeria pregar experiência administrativa, comentar seu empenho na luta contra a ditadura militar, ocultar “problemas” pessoais como divórcio e até mesmo passar por uma metamorfose caso Dilma não pudesse contar com o apoio de Lula aliado a um excepcional trabalho de marketing. E que trabalho! Se em abril de 2010 o Datafolha a apontava com algo em torno de 28% das intenções de voto contra 38% de seu principal oponente, José Serra, ela terminou o grande dia superando-o com 46,71% contra 32,69%.
Diante do horário eleitoreiro, há que se convir: a “mulher do Lula” parece mesmo a mais preparada para “seguir mudando” o país. O poder da publicidade de transformar (literalmente) uma figura desconhecida da população nessa administradora ideal é o mesmo que transformou um ex-metalúrgico no presidente mais popular de nossa História. De 2003 a 2009, mais de 7,7 bilhões de reais foram gastos em publicidade pelo governo Federal a fim de atribuir ao “cara” a conversão das terras tupiniquins num suposto país glorioso, emergente e igualitário.
É esse mesmo poder o responsável pela conversão de corruptos e palhaços em deputados federais, pagodeiros em vereadores (por pouco, em senadores), esposas inexperientes em candidatas ao governo, democracia em circo (dos horrores). Eleger representantes políticos no Brasil é como comprar chocolate em pó: na TV, o produto é chamativo e cativante; em casa, nota-se que tudo era meramente ilustrativo, mas, mesmo assim, ninguém reclama.
Durante a campanha, predominaram os candidatos-achocolatados. Enquanto os coligados de Dilma (inclusive ela) abraçaram a imagem de Lula, os de Serra (inclusive ele) abraçaram a imagem de... Lula. Assim, quase todos ficaram bonitinhos e felizes, mas ideias, debates, planos e soluções ficaram à deriva. Não há nisso, contudo, nenhum desmerecimento: se, neste país, política assumiu o status de comércio, vence quem vende melhor, e vende melhor quem explora imagens em vez de conteúdo (vide a sessão de best-sellers das livrarias ou os programas mais vistos na TV). Portanto, a ascensão de Dilma Rousseff como consequência indubitável da popularidade de Lula, e a ascensão desta, do marketing, confirmam o poder intrigante e perigoso do fenômeno do popululismo, que sentencia um novo slogan: “é Lula de novo com a força da publicidade”. Até quando?
Quem é Dilma Rousseff? Para alguns veículos da imprensa, uma terrorista; para outros, a candidata mais preparada. Para grande parte da população, uma aproveitadora; para outra grande parte, a mulher do Lula. Ao longo dessas eleições de 2010, muito se discutiu a respeito da ex-ministra-chefe da Casa Civil; todavia, pouco foi concluído. Concluiu-se apenas o fenômeno do popululismo, mistura moderna (cujos pés estão no passado) de marketing e carisma que tem o poder como alvo.
Pouco valeria pregar experiência administrativa, comentar seu empenho na luta contra a ditadura militar, ocultar “problemas” pessoais como divórcio e até mesmo passar por uma metamorfose caso Dilma não pudesse contar com o apoio de Lula aliado a um excepcional trabalho de marketing. E que trabalho! Se em abril de 2010 o Datafolha a apontava com algo em torno de 28% das intenções de voto contra 38% de seu principal oponente, José Serra, ela terminou o grande dia superando-o com 46,71% contra 32,69%.
Diante do horário eleitoreiro, há que se convir: a “mulher do Lula” parece mesmo a mais preparada para “seguir mudando” o país. O poder da publicidade de transformar (literalmente) uma figura desconhecida da população nessa administradora ideal é o mesmo que transformou um ex-metalúrgico no presidente mais popular de nossa História. De 2003 a 2009, mais de 7,7 bilhões de reais foram gastos em publicidade pelo governo Federal a fim de atribuir ao “cara” a conversão das terras tupiniquins num suposto país glorioso, emergente e igualitário.
É esse mesmo poder o responsável pela conversão de corruptos e palhaços em deputados federais, pagodeiros em vereadores (por pouco, em senadores), esposas inexperientes em candidatas ao governo, democracia em circo (dos horrores). Eleger representantes políticos no Brasil é como comprar chocolate em pó: na TV, o produto é chamativo e cativante; em casa, nota-se que tudo era meramente ilustrativo, mas, mesmo assim, ninguém reclama.
Durante a campanha, predominaram os candidatos-achocolatados. Enquanto os coligados de Dilma (inclusive ela) abraçaram a imagem de Lula, os de Serra (inclusive ele) abraçaram a imagem de... Lula. Assim, quase todos ficaram bonitinhos e felizes, mas ideias, debates, planos e soluções ficaram à deriva. Não há nisso, contudo, nenhum desmerecimento: se, neste país, política assumiu o status de comércio, vence quem vende melhor, e vende melhor quem explora imagens em vez de conteúdo (vide a sessão de best-sellers das livrarias ou os programas mais vistos na TV). Portanto, a ascensão de Dilma Rousseff como consequência indubitável da popularidade de Lula, e a ascensão desta, do marketing, confirmam o poder intrigante e perigoso do fenômeno do popululismo, que sentencia um novo slogan: “é Lula de novo com a força da publicidade”. Até quando?
8 comentários:
Viva a democracia da maioria.
Você não citou que o Collor perdeu em Alagoas.
E que o Sarney tá pra morrer...
Achei que faltou isso.
hahahahahaha
É tipo o Big Brother...quem ganha o Milhão é o participante não o editor.
Não. Não é assim. Não se convence 48 milhões de pessoas assim, meu caro.
O projeto de Dilma e do PT teve seus méritos, seus resultados.
É demais pensar que os eleitores votaram por conta disso?
Parece até discurso de Arnaldo Jabor dizer que o Lula manda no Brasil.
O blog foi infeliz na opinião da semana pois, ao contrário de sempre, fez mais do mesmo. Discursinho comprado.
E que coisa mais ridícula esse argumento de que ser populista é ser ruim. Isso veio da USP na época da Ditadura e está aqui até hoje. Pensar que o eleitor não pode votar no candidato que lhe dá mais oportunidades, como o Bolsa Família, é rídiculo. Então, o eleitor tem que votar no mais bonito? No mais engraçado? Respeite mais a decisão do eleitor.
Lula foi esperto ao deixar tudo planejado pra Dilma poder falar que o que o governo dele não fez, ela fará.
Esse planejamento que ganhou essa eleição. Se ao menos o FHC tivesse feito isso com Serra, em 2002. Mas não fez. Agora vocês, tucanos, choram por ter perdido a oportunidade.
Tucanos choram demais porque não tiveram planejamento.
Com sorte, aprenderam com o Lula e não irão decepcionar na próxima vez que voltarem ao Planalto.
E se assim for, que bom. Pois são com projetos desenvolvimentistas que se ganha uma eleição.
Aham, Cláudia, senta lá.
Infelizmente, meu "discursinho" não é comprado. Nem mesmo pelo blog, para o qual escrevo por apreço.
E sim, convencem-se milhões de eleitores assim, com publicidade. Tiririca apresentou sua primeira proposta concreta de administração apenas ontem: "De concreto, só cimento". Foi o mais votado.
Quanto ao populismo: é bom. Cumprir deveres políticos como se fossem favores à população é uma atitude muito digna. Ruim mesmo eram os estudantes da USP que lutaram contra a Ditadura Militar. Subversivos...
O eleitor pode votar em quem quiser. Esse direito ninguém discute. Mas o "Ficha-Limpa" vem lutando para mostrar que é o momento de escolher melhor quem pode se candidatar.
A qualidade da estratégia publicitário-mercadológica do PT é indiscutível (de longe, superior a do PSDB, que nada aprendeu desde 2002 e parece que não vai aprender). Agora, planejamento político é outra questão. Afinal, a Dilma do momento deveria ser José Dirceu ou Antonio Palocci, que teriam muitas chances de vencer devido ao apoio de Lula (apesar de também serem bastante desconhecidos) se não tivessem "aprontado" com seus "projetos desenvolvimentistas".
Só publicidade não faz um mito, mas é bem mais provável do que só com trabalho.
Vixe...acho que vai dar Dilma com 62%, chuva no centro-oeste e geada no Pólo USP.
Pode isso, Arnaldo?
Ouvir de pessoas renomadas o seguinte discurso "não que a Dilma seja capaz, mas a gente tem que votar nela porque devemos isso ao Lula por tudo que ele fez pela gente" definitivamente não é fruto de publicidade!!!! [só pra constar - já que é moda entre os anônimos do blog - "mode irônico on"]
os caretas e suas verdades perfeitas
Publicidade, populismo... e eu aqui votando na dilma por ser bonita, pode?
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