SENHORA UTOPIA
O socialismo teve suas chances e falhou. Agora, dificilmente voltará a ter. Por quê?
O socialismo teve suas chances e falhou. Agora, dificilmente voltará a ter. Por quê?
por Fábio Congiu
Eles não têm cara de muitos amigos. Falam em greves, em igualdade e em Cuba. Não sei se persiste o medo de que realmente violem criancinhas, mas é engraçado como até hoje sentimos um desconforto quando, diante da TV, nos deparamos com aquele velho slogan ilustrado por fábricas, engrenagens e fumaça: “Salário, trabalho e terra”. Por quê?
Ora, o leitor blogueiro e tuiteiro consegue imaginar sua vida sem uma internet de qualidade (vide a reclamação que Fidel Castro fez essa semana)? Sem seus celulares, iPhones, iPods, iPads, iQualquer-outra-supertecnologia? Sem McDonald’s, Coca-Cola, Disney e todas as demais luxuosas variedades capitalistas? Provavelmente, não. Nos dias atuais, é quase impossível, e a culpa não é sua.
Não se culpe por julgar grevistas apenas como vagabundos sujos de graxa nem por dizer coisas desdenhosas como “ele é faxineiro porque não quis estudar”, muito menos por ver nos sem-terra e/ou sem-teto uma espécie de ameaça à humanidade (às vezes, eles agem assim mesmo...). Os ideais e propostas socialistas (um tanto radicais para ouvidos contemporâneos) distanciaram-se e muito da formação cultural cotidiana baseada na alienação. Educa-se para não se enxergar além.
As últimas gerações jogaram Super Mario Bros durante infância e juventude. O jogo tornou-se sucesso mundial, um símbolo do poder da indústria capitalista, mesmo fazendo uma alusão a Stálin por meio do personagem Mario, um “herói do povo” cujo objetivo é derrubar o poder autocrático do rei (Koppa). Outro exemplo de “alienação capitalista” são as clássicas animações da Disney: os personagens ou são humildes que sonham com a vida luxuosa dos palácios (Branca de Neve, Cinderela, Aladin) ou são elitistas tristes que ao final se tornam elitistas felizes (Simba, Kiara Ariel, Jasmin).
Além de haver poucas revoluções socialistas, nenhuma saiu como a encomenda. Delas, estabeleceram-se regimes autoritários e violentos. Por falta de apoio (e com certos bloqueios), os Estados revolucionários tornaram-se frágeis e carentes. A antiga URSS e a Cuba atual valem como exemplos de uma teoria improvável, um sonho falho, um mundo restrito e sem opções em que as vontades individuais são mediadas pelo governo. Ao ligar socialismo e comunismo a essas imagens, cessam-se as análises das possibilidades igualitárias e se dá por encerrada a utopia de Marx e Engels.
Esse cerceamento das liberdades individuais ocorrido após as revoluções socialistas (defendido inclusive pela “legítima esquerda nacional”, o Partido da Causa Operária), não condiz com a autonomia conquistada pelo homem no contexto do capitalismo. Ninguém quer ter seu direito de fazer o quê, quando e por quanto quiser, submetido aos interesses da sociedade. As propostas e os exemplos de realizações socialistas apenas sugerem que eles querem virar tudo de pernas para o ar, impressão nada cativante à inteligência de quem é criado na ilusória liberdade individual. É por isso que o socialismo como é (des)conhecido não pode dar certo. O ser humano se acomodou no mundo das desigualdades e, segundo Drummond: “Somos desiguais e queremos ser sempre desiguais”.
No entanto, se todo mundo compra as mesmas marcas, come as mesmas coisas, vai aos mesmos lugares, assiste aos mesmos filmes e gosta das mesmas músicas, há aí uma contradição: como podemos afirmar querermos ser desiguais? Se é preciso manter-se dentro de padrões para condizer com a imagem estilizada, onde estão a autonomia e a liberdade do capitalismo?
Socialistas têm raiva de ricos, capitalistas têm nojo de pobres. Porém, tanto ricos quanto pobres têm horror à classe média e querem ser iguais apenas a ricos. Em outras palavras, o sistema apresenta uma única solução igualitária: se é para haver igualdade, que haja ao nível dos luxos e deslumbres. Por meio das contradições das próprias doutrinas, pode-se constatar: não é o socialismo que é utópico. A igualdade em si é uma senhora utopia.
Ora, o leitor blogueiro e tuiteiro consegue imaginar sua vida sem uma internet de qualidade (vide a reclamação que Fidel Castro fez essa semana)? Sem seus celulares, iPhones, iPods, iPads, iQualquer-outra-supertecnologia? Sem McDonald’s, Coca-Cola, Disney e todas as demais luxuosas variedades capitalistas? Provavelmente, não. Nos dias atuais, é quase impossível, e a culpa não é sua.
Não se culpe por julgar grevistas apenas como vagabundos sujos de graxa nem por dizer coisas desdenhosas como “ele é faxineiro porque não quis estudar”, muito menos por ver nos sem-terra e/ou sem-teto uma espécie de ameaça à humanidade (às vezes, eles agem assim mesmo...). Os ideais e propostas socialistas (um tanto radicais para ouvidos contemporâneos) distanciaram-se e muito da formação cultural cotidiana baseada na alienação. Educa-se para não se enxergar além.
As últimas gerações jogaram Super Mario Bros durante infância e juventude. O jogo tornou-se sucesso mundial, um símbolo do poder da indústria capitalista, mesmo fazendo uma alusão a Stálin por meio do personagem Mario, um “herói do povo” cujo objetivo é derrubar o poder autocrático do rei (Koppa). Outro exemplo de “alienação capitalista” são as clássicas animações da Disney: os personagens ou são humildes que sonham com a vida luxuosa dos palácios (Branca de Neve, Cinderela, Aladin) ou são elitistas tristes que ao final se tornam elitistas felizes (Simba, Kiara Ariel, Jasmin).
Além de haver poucas revoluções socialistas, nenhuma saiu como a encomenda. Delas, estabeleceram-se regimes autoritários e violentos. Por falta de apoio (e com certos bloqueios), os Estados revolucionários tornaram-se frágeis e carentes. A antiga URSS e a Cuba atual valem como exemplos de uma teoria improvável, um sonho falho, um mundo restrito e sem opções em que as vontades individuais são mediadas pelo governo. Ao ligar socialismo e comunismo a essas imagens, cessam-se as análises das possibilidades igualitárias e se dá por encerrada a utopia de Marx e Engels.
Esse cerceamento das liberdades individuais ocorrido após as revoluções socialistas (defendido inclusive pela “legítima esquerda nacional”, o Partido da Causa Operária), não condiz com a autonomia conquistada pelo homem no contexto do capitalismo. Ninguém quer ter seu direito de fazer o quê, quando e por quanto quiser, submetido aos interesses da sociedade. As propostas e os exemplos de realizações socialistas apenas sugerem que eles querem virar tudo de pernas para o ar, impressão nada cativante à inteligência de quem é criado na ilusória liberdade individual. É por isso que o socialismo como é (des)conhecido não pode dar certo. O ser humano se acomodou no mundo das desigualdades e, segundo Drummond: “Somos desiguais e queremos ser sempre desiguais”.
No entanto, se todo mundo compra as mesmas marcas, come as mesmas coisas, vai aos mesmos lugares, assiste aos mesmos filmes e gosta das mesmas músicas, há aí uma contradição: como podemos afirmar querermos ser desiguais? Se é preciso manter-se dentro de padrões para condizer com a imagem estilizada, onde estão a autonomia e a liberdade do capitalismo?
Socialistas têm raiva de ricos, capitalistas têm nojo de pobres. Porém, tanto ricos quanto pobres têm horror à classe média e querem ser iguais apenas a ricos. Em outras palavras, o sistema apresenta uma única solução igualitária: se é para haver igualdade, que haja ao nível dos luxos e deslumbres. Por meio das contradições das próprias doutrinas, pode-se constatar: não é o socialismo que é utópico. A igualdade em si é uma senhora utopia.
13 comentários:
Socialismo, Comunismo e Capitalismo são algumas de tantas teorias escritas em papel por poucas pessoas.
A Sociedade é composta de muitas pessoas que tornam a realidade uma prática.
Assim, não há teorias que se sustente sem o crivo da população. Isso vai desde se deixar manipular dentro da volumosa "indústria cultural" ou ser contrário a tudo isso. O Capitalismo só dá certo porque as pessoas (conscientes ou não) se deixam seduzir pela cultura de massa.
Desde o nascimento as pessoas já são inseridas dentro de um contexto sócio-econômico-cultural. Se nascem em uma família com alto poder aquisitivo, logo, tudo que é inserido neste contexto parece ser o certo. Se nascem em uma familia com baixo poder aquisitivo, logo, "tentam" se adequar a aqueles que possuem mais bens. A mídia em geral contribui muito com isso, seja com novelas globais em que seus protagonistas possuem mansões em Copacabana ou com o padrão de beleza em que a moda, diz que você tem que utilizar certas grifes para fazer parte de um grupo privilegiado.
O Capitalismo diz que vOcê tem que consumir a todo instante, é assim que a economia gira. Se você não compra, seu país quebra. Se ele quebra, a inflação sobe. E se ela sobe, você já sabe...
Então, somos parte de um mundo que nos manipulam a todo instante (seja explicitamente ou implicitamente) a consumir, a trabalhar para ganhar dinheiro e consumir...
Somos bombardeados de novos produtos "úteis" no mercado, no qual muitas vezes não há utilização. Você compra e não sabe porque. Mas na hora uma carga psicológica domina você e vem a necessidade de compra daquela mercadoria. Você compra... Ajudou a economia... E toda matéria prima, mão de obra, produção, estoque, venda e compra foram feitas. Parabéns, você é um vencedor! Saiu no lucro mais uma vez...
Ai Serra, seja mais sucinto. Tô com preguiça de te ler...
Esse 1º comentário foi quase uma réplica!! ... Fábio , vc tem 2 min. para a resposta!
Censura, volta pra mim!
Ai Serra, seja mais sucinto. Tô com preguiça de te ler... [2]
Fábio, você é lindo e maravilhoso, mas seja breve, seja breve.... as estatísticas do blog................... hahahaha xD Texto muito bom, pra variar. Não vo comentar a respeito do conteúdo pq estou com preguiça de me meter em guerras políticas xD
Serra, se você continuar no anonimato e com replicas deste porte, não voto em você. Dilmão [eca] e Marinão estão disputando meu voto....=O
(ah, me referia ao comentário)
classe média sofre.... quero bolsa família tbm!
twitteiro, Phábio!
Ainda vou escrever algo impertinente e faccioso somente para me satisfazer em ver um comentário extrapolado do conteúdo que o agrida frontalmente, mesmo sendo totalmente insano e não-coerente ao contexto, sendo debatido e contra-argumentado.
O Serra agora acha que posta no blog! Hahahaha
Do McDonald´s eu até abro mão, mas do Twitter JAMAIS!
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